Mãos ao ar

Blogue de discussão desportiva. Qualquer semelhança entre este blogue e uma fonte de informação credível é pura coincidência e não foi minimamente prevista pelos seus autores. Desde já nos penitenciamos se, acidentalmente, relatarmos uma informação com um fundo de verdade. Não era, nem é, nossa intenção.

sexta-feira, junho 29, 2007

Vai um abraço, Cardozo?


É verdade que o “Record” tem acumulado erros grosseiros neste defeso. É verdade que os dados de circulação paga ontem divulgados pela Associação Portuguesa para o Controlo da Tiragem e Circulação (69.219 exemplares vendidos por dia) representam um mínimo histórico na vida do jornal nos últimos 15 anos. E, pior do que isso, que no último mês do trimestre analisado, o jornal já só vendia 62 mil exemplares, o que deixa adivinhar uma crise ainda maior. Mas, caramba, não é motivo para deixarem de pensar.
A propósito da Copa América, o jornal publica hoje uma caixa (pg. 24) com a prestação do paraguaio Óscar Cardozo, reforço assegurado pelo Benfica por 9,1 milhões de euros. Minuto a minuto, este foi o seu contributo no jogo com a Colômbia:
6’ – [Faz] falta sobre Vallejo
21’ – Remate contra a muralha colombiana
28’ – É o primeiro a abraçar Santa Cruz no 1-0
46’ – É (novamente) o primeiro a abraçar Santa Cruz, no 2-0
55’ – Perde um contra-ataque por esbarrar em Yepes
57’ – Aproveita um erro clamoroso de Yepes para atirar por cima
68’ – Substituído por Cabañas

Foi só um jogo, reconheço, mas tremei, defesas portugueses, tremei! Se falharem clamorosamente ao pé do Cardozo, ele encarregar-se-á de aproveitar sem piedade e rematará com força por cima da baliza.
O homem até pode não marcar golos – mas, por Deus, é o mais rápido a sprintar para chegar ao colega que os marca! Se o avançado confirmar estes créditos, tenho impressão que quem vai precisar de um abraço é o tesoureiro do Benfica. Dinheiro bem gasto, hein?

quinta-feira, junho 28, 2007

O Público de Virtudes

Há um maluquinho no Lumiar que costuma sair à rua à noite. Veste um blusão escuro que o torna praticamente invisível em noites de lua nova, agarra num ramo de árvore tombado, coloca-se no centro da Alameda das Linhas de Torres e desata a controlar o trânsito. Não é perigoso, não é mal educado, não coloca problemas a ninguém – excepto a mim, que fico tentado a atropelá-lo quando ele irrompe da escuridão, por trás de um plátano, enquanto berra: “Infracção! Infracção!”
Tirando isso, o maluquinho é muito normalzinho: faz o trabalho imaginário dele, tão inútil como estapafúrdio, e os automobilistas retiram o desconto devido à excentricidade, ignorando-o olimpicamente.
Submeto aos senhores que o jornal “Público” é o maluquinho da imprensa portuguesa. Ninguém lhe liga, ninguém o compra, mas ele prossegue, impávido, como se marcasse a agenda pública. Enquanto o bom povo português ignora o tratado europeu, o “Público” insiste no assunto. Quer referendos. Debates públicos. Sessões de esclarecimento. Esquece a regra basilar da politica portuguesa: chegado ao mês de Junho, isso dos tratados está muito bem, mas o bom povo quer mesmo é levar tupperwares de meloa e pastéis de bacalhau para a praia.
As criticas de cultura do jornal não se prendem com essas minudências que são os leitores. Da sua leitura, depreende-se que os respectivos autores, se pudessem, fechar-se-iam numa sala com os artistas retratados e falariam longamente sobre o mundo novo, aquele que há-de vir, quando as turbas se deslocarem ordeiramente do estádio para a galeria, da igreja para o museu, do peep-show para a sessão de teatro experimental.
(Há duas semanas, um dos cronistas dissertou longamente sobre a lenda do unicórnio – oh senhores, o unicórnio? Adivinho o esgar incomodado do Manel e da Maria:
Oh home, o unicórnio é aquele que só foi encornado uma vez?)
A critica é, em si, um exercício umbiguista, como o meu sinaleiro do Lumiar, que gesticula mesmo quando ninguém obedece. Mais um exemplo: no mês passado, o jornal dedicou quatro páginas ao artista plástico Pedro Cabrita Reis. Para quem não conhece, Pedro Cabrita Reis é um artista cujas exposições devem ser calcorreadas de lança-chamas na mão porque a tentação de incinerar aquela amálgama de papel, arame e pedra é grande, sobretudo depois de termos pago o bilhete de entrada. Ganhou um ou dois baldes de prata, prémios da bienal do Huambo, mas, para o comum dos mortais, torna-se extremamente difícil distinguir o andaime-que-faz-parte-da-exposição do andaime ferrugento que ficou no museu desde a rotura da clarabóia no Inverno passado. O “Público”, porém, dá instruções para que nos interessemos.
Este ano, o “Público” acumula desaires imperdoáveis. Publicou uma página noticiosa plagiada do Wikipedia. Foi condenado pelo Supremo Tribunal por publicar uma notícia falsa [por acaso, sobre o Sporting…] e, não contente com isso, subverteu o conteúdo do acórdão definitivo, dando a entender que fora condenado sem razão. Na semana passada, um leitor queixou-se de uma notícia afixada online com erros factuais, e o jornal corrigiu-a sub-repticiamente, como se nada fosse, sem uma nota editorial, um aviso…
Dir-me-ão que são pequenas falhas, pequenos desvios percentuais no comportamento ético de um jornal de referência. Contraponho que um desvio percentual tem alguma importância: lá diz o doutor House que, com uma variação de 1% no DNA do José Manuel Fernandes, passamos a ter um golfinho! Em retrospectiva, um golfinho estaria mais habilitado para dirigir o jornal. Pelo menos, não apoiou a invasão do Iraque!
Do alto do seu saber consolidado, ciente do seu peso na crítica de arquitectura portuguesa, o “Público” escolheu agora o Estádio José Alvalade como um dos potenciais “monstros” da arquitectura, que serão eleitos em votação online. Depois de consultada uma vara de especialistas, o jornal chegou a esse fantástico desígnio. Como o maluquinho do Lumiar, o “Público” gesticula e traça directivas. Felizmente, ninguém obedece.

terça-feira, junho 26, 2007

Alegoria da caverna

Tenho grande simpatia pelo treinador Jaime Pacheco. Metade burgesso, metade labrego e metade moralista, Pacheco partilha a infelicidade de todas as coisas que são decompostas em três metades: é uma aberração. Pode não ser a qualidade ideal, mas sempre é melhor do que ter um olho de vidro.
No dia 20, na sua rubrica de televisão, o jornal “A Bola” publicou as confidências de Pacheco, o espectador de televisão. Disse então o treinador do Boavista que, em casa, tem quatro televisores, que correspondem aos quatro membros do agregado familiar, mas que há um mais nobre do que os outros – o da sala. Nesse, manda o primeiro familiar que se senta no sofá. Se a família de Pacheco empregar na disputa o mesmo entusiasmo das equipas que o técnico tem comandado, imagino que a refrega diária pelo sofá será mais sangrenta do que a tomada de Tróia – não aquela que envolveu Aquiles, Heitor e Ajáx, que isso foi coisa de meninos em saiotes, mas a tomada de Tróia no Verão quando a horda de turistas sai do ferry de Setúbal e avança, imparável, até ao areal.
E o que vê Pacheco no pequeno ecrã? O técnico prefere proceder por exclusão, eliminando o que não vê. Não vê telejornais, porque são “deprimentes”. E não vê nem deixa ver telenovelas porque elas “são fachadas”, “más influências na vida familiar”, que tornam “as mulheres que as vêem diferentes do que elas eram”.
Como todos os homens de fibra, Jaime Pacheco coloca o dedo na ferida. Há por aí todo um conjunto de mulheres alienadas que, de tanto espreitarem as peripécias da novela, se transformaram em horríveis frankensteins de saia travada e meia de vidro.... Hmmm... Meia de vidro.... Controla-te, Bulhão, pensa em natureza morta. Pensa na Teresa Guilherme… hmmm, a Teresa Guilherme de meia de vidro...
[Pausa para reorganizar pensamentos]
Dizia eu que Pacheco tem razão quando se queixa. As feições das mulheres, antes puras, endureceram. O carácter, antes moldável, empederniu-se, tocado pela ficção do demónio. O jantar, antes impecavelmente pronto à hora marcada, chora agora o desconforto provocado pelos minutos adicionais a gratinar no fogão enquanto o monstro televisivo as consome e lhes implanta ideias más na cabeça.
Simpatizo com Pacheco porque sei que ele tem do lar a visão celebrizada pela expressão do xerife Pepe Legal nos desenhos animados de Hanna Barbera: «Para pensar, estou cá eu, Babalu!». Infelizmente, Pacheco é um perdedor por natureza. Perdeu no Maiorca para Samuel Eto’o, no Bessa para Roland Linz, na cabeça para a calvície e, aparentemente, no lar para os Morangos com Açúcar.

quarta-feira, junho 20, 2007

Nobre Povo

Mil vezes repetidos, há dogmas que penetram fundo na terra e ganham raízes. No futebol português, não há dogma mais martelado do que a natureza intrinsecamente popular do Benfica – o Benfica é o clube do povo, repete incessantemente a lengalenga.
Se especularmos e levarmos o teorema para a expressão seguinte, o FC Porto é necessariamente o clube do clero. Há lá papas e coisas assim.
Resta ao Sporting portanto o papel de clube da nobreza.
Ora, eu não sei que livros leram os senhores que repetem, com orgulho, que o Benfica é o clube do povo, mas nos romances de cavalaria que tive oportunidade de consultar ser da nobreza é menos asfixiante do que ser do povo. Em primeiro lugar, saliento que o povo alomba forte e feio enquanto os nobres costumam tocar alaúde. Eu não tenho muita experiência, mas tenho impressão que nunca ninguém morreu a tocar alaúde. (Só se for de tendinite, que parece que dá de repente). Já quem alomba forte e feio não costuma chegar a velho.
Em segundo lugar, imagino que um servo da gleba não seria homem para realizar todos os seus sonhos – excepto se todos os seus sonhos passassem por domir na palha e levar com harpas na cabeça em intervalos regulares. Há muito boa gente que não quer mais nada da vida – estou a lembrar-me do Jorge Palma, por exemplo –, mas eu sou um bocadinho teimoso: julgo que continuo a preferir o alaúde.
Há também aquela questão mais chata das guerras, mas, mesmo aí, os nobres têm alguma vantagem. Para já, não vão a pé, mas sim com a padiola assente no lombo do cavalo, o que significa que o equídeo também alomba e portanto qualifica-se automaticamente para ser do povo (E do Benfica, acrescento).
E, nas batalhas, enquanto os nobres usam armas chiques como arcos e flechas, o povo é encafuado em áreas exíguas e entretém-se à marretada com coisas perfurantes. Não me levem a mal: cada um entretém-se como pode, mas escusa de salpicar as roupas dos outros com sangue e vísceras. E tenho ainda hoje como muito válido o conselho que a minha avó costumava dar: não brinques com facas que ainda vazas a vista a alguém!
Creio que a insistência dos pregadores do reino em lembrar que o Benfica é o clube do povo é um capricho parecido com o do meu miúdo que, na semana passada, viu um daqueles cuspidores de fogo ou engolidores de sabres na Rua Garrett, daqueles que tem fuligem da cara até aos chanatos e cujo cabelo emaranha para fora do lenço palestiniano que usa à cabeça. Pois o miúdo disse com convicção que aquela era a profissão que ele escolhia. Lá lhe expliquei que não, que um engolidor de sabres tem dificuldades em manter relações estáveis e tem imensas complicações fiscais, que um cuspidor de fogo gasta fortunas em petróleo e outros consumíveis e que, no fundo, aquilo que ele via à distância parecia mais promissor do que a realidade.
É a mesma coisa com o dogma da dimensão popular do Benfica. Ser do povo até é giro. Mas experimentem desenvencilhar um sabre que se emaranhe no duodeno e depois venham cá falar.

segunda-feira, junho 18, 2007

O Benfica entrou na bolsa

Com estrondo, o Benfica entrou na Euronext Lisboa e transformou-a, em poucas sessões, numa feira de bricabraque. É verdade que o mérito deve ser partilhado, pois, desta vez, o chavascal tem mais do que um pai. O presidente do Benfica encontrou em Joe Berardo uma alma gémea e, juntos, fizeram do bastião do capitalismo português um mercado de rua magrebino.

Recuperemos os momentos da histórica cotação benfiquista.

O chairman encarregado de integrar a sociedade bolsista «encarnada» no mercado anuncia:
Chairman: Senhor presidente, é com muito prazer que lhe comunico que as suas acções serão cotadas no segundo mercado...
LFV [interrompe]: Nem pense nisso. Ou o Benfica entra no primeiro mercado, ou não entra. O Benfica é de primeira.
(um assessor bichana ao ouvido de Vieira).
LFV [resignado]: Está bem, nós entramos para o segundo mercado, mas queremos acesso directo à Champions.

Horas depois, o corretor de serviço anuncia a Vieira a quebra sistemática da cotação das acções do clube, um recorde mundial de desvalorização.
Corretor: Senhor presidente, as acções do Benfica valem agora 3,45 euros. 3,43 euros. 3, 41 euros. 3,35 euros
LFV: Isso é um ultraje, um escândalo. Uma cabala...
Corretor: ... 3,27 euros. 3,14 euros. 3 euros e uma fruteira de plástico
LFV: A Bolsa é só corrupção. Arranjinhos. Fruta e chocolate, hmmm, hmmm.
Corretor: 3 euros sem fruteira de plástico… 2 euros e 4 pêlos faciais do Guerra Madaleno.
LFV: Isto precisa aqui é de um Apito Dourado, hmmm, hmmm. E esta menina, que aqui está: esta menina não está aqui para corromper os corretores? O que me diz, hmmm, hmmm?
Corretor: Posso garantir duas coisas, senhor presidente. Essa “menina” não está a corromper ninguém. E essa “menina” é o nosso director de Planeamento Estratégico.

Entra em cena o comendador Joe Berardo, investidor que lança uma OPA sobre as acções do clube.
Comendador: Mffgffttt! Mfffftt! Buy!
Corretor 1: O que é que ele diz?
Corretor 2: Não faça caso. Ninguém percebe nada do que ele diz.
LFV: Comendador, que grande benfiquista! Que grande serviço prestou aos benfiquistas.
Comendador: Mffffffft do Benfica! Compro acções this! Compro acções that! E isto! Compro this também.
Corretor 1: Isso é um cinzeiro de latão, comendador.
Comendador: Beautiful, beautiful! Benfica é como Andy Warhol. Cultura! Gosta de Andy Warhol, president?
LFV: Eu fumo SG Ventil, comendador.
Comendador: Eu gostar muito de todos os vultos da cultura. No outro dia, eu comprar grande quadro do Picanço.
LFV: Do Picasso? Fantástico, comendador.
Comendador: Não, do senhor Picanço, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado. Disseram que era negócio imperdível.
Chairman [cochicha a Luís Filipe Vieira]: Este homem é um génio. É o homem com mais “pasta” que eu conheço.
LFV: Também é dono da Celulose do Caima?
Corretor [interrompe]: A cotação está em 4 euros. 4, 15 euros. 4, 19 euros.
LFV: O Benfica não está vendedor. Repito: o Benfica não está vendedor. O senhor Berardo, que é um grande benfiquista, só entrou no negócio para fazer disparar as cotações. O que me dizem a isso, hmmm hmmm?
Chairman: Que é especulação bolsista.
LFV: Lá estão vocês! Um Apito Dourado é o que isto precisa. É um grande dia para o Benfica, um grande dia. [canta] E quem salta é do Benfica, olé olé
Chairman: Senhor presidente, vista outra vez as calças. Senhor presidente, isso é a Sala dos Valores Mobiliários. Ninguém vai para aí de cuecas.
LFV: Olé, olé.
Comendador: Compro this!
Todos (em coro): Isso é um dálmata de porcelana, comendador.
Comendador: Beautiful, beautiful.

segunda-feira, junho 11, 2007

João Garcia no cume do Xanga Khorma Tikka Masaala

(exclusivo mundial AP/Zoo/ Bacalhau Riberalves)

Inédito! Tornei-me o primeiro homem a subir o Xanga Khorma Tikka Masaala, depois de ter escalado o Shisha Pangma, o Shisha Katma e o Shisha de Porco.
Para um alpinista, isso é o máximo.
Talvez o seja porque a oito mil metros de altitude temos subitamente noção de que já não vemos uma gaja há mais de um mês e até os sherpas atarracados ou as cabras-montesas começam a parecer a Gisele Bündchen (Nota para os principiantes: apanhar um sherpa é bem mais fácil do que filar uma cabra-montesa).
A escalada a estas altitudes é uma provação. Não há oxigénio suficiente para pensar. Os alpinistas tombam, exaustos. Nessas alturas, temos apenas uma solução: ameaçá-los com um discurso revigorante de apoio do Jorge Coelho. A maior parte levanta-se de imediato.
É fundamental fazer escalas. Parar. Conferir o material. Com a minha experiência, arranjei uma mnemónica para não me esquecer de nada.
“- João, João, estás amnésio? [Sic]
- Traz a bolsa de magnésio.
- João, João, não percas a ocasião.
- Pega já no mosquetão.
- João, João, não percas a vez.
- Segura também no arnês.
- João, João, como está a famelga?
- Vê lá se desta vez trazes o belga.
Nos últimos metros, nem acredito que vou conseguir. Belisco-me para confirmar que estou inteiro. Verifico os dedos dormentes. Um, dois, três dedos: estão cá todos! E pensar que os gajos do “Expresso” escreveram que eu tinha uma enorme falange de apoio. Bestas insensíveis!
No cume, apodera-se de nós uma sensação poderosa. Sentimos que os deuses da montanha nos acolheram, que passámos o teste da espiritualidade, que somos seres humanos mais completos e cheios. Literalmente, estamos cheios. Afinal, há sempre um ou outro alpinista que fica pelo caminho e, nestas coisas do farnel, amigo não empata amigo. Há sempre uma coxa a mais!
Como os leitores sabem, nesta escalada estive perdido na montanha, isolado do resto do meu grupo, juntamente com mais três alpinistas. Por fim, o guia reencontrou a nossa pista. Quando me descobriu, deparou, horrorizado, com uma pilha de ossos descarnados e com a minha figura escanzelada. Adivinhei o seu horror, mas defendi-me: “Não me podes julgar. Não sabes pelo que passei! Tinha de sobreviver. Tinha de me alimentar. É assim tão errado que alguém queira sobreviver, mesmo em face da mais terrível provação?”
O guia olhou-me fixamente, colocou a mão no meu ombro e disse-me algo que nunca esquecerei:
- Fod*-**, ó João. Não te julgo pelo que achaste necessário fazer para sobreviver, mas porra… Separaste-te de nós há três horas!